segunda-feira, 16 de julho de 2012


FORMOSA DO RIO PRETO – JULHO/2010

Ligeiras notas escritas inicialmente para fins de pró-memória do autor, que ousa passá-las para conhecimento de alguns amigos de Formosa. Trata-se de anotações que fizemos sobre as novidades do município, bem como de seus velhos problemas que ainda desafiam a administração local.

Novidades: Quanto às novidades, diríamos que a cidade está se expandindo e ganhando importância inclusive eleitoral aos olhos da governança estadual. Segundo depoimento de um vereador ligado aos negócios imobiliários locais, Formosa estaria recebendo, mensalmente, entre dez e vinte novas famílias. Achamos que há alguma verdade nessa estimativa, pois a movimentação das pessoas pelas ruas da cidade, notadamente em veículos de duas e quatro rodas, já é bem visível.

A telefonia móvel que havia nos surpreendido em jan/2007, tornou-se comum, acessível a maioria das pessoas, inclusive àquelas da zona rural, pois esse tipo de comunicação já alcança os sítios e fazendas do município. Na cidade, há muitos notebooks conectados à internet com telefonia móvel.   

A internet, apesar de lenta, inconstante e relativamente cara, mostrou-se para nós uma alternativa para leitura de notícias mais independentes e troca de e-mails. Se vingar a proposta do governo federal para a criação de empresa de internet com banda larga  e ligada a Telebrás, seria mais uma boa novidade para os municípios brasileiros.

Valorização das terras: Outro dado revelador do incremento populacional diz respeito à valorização das terras. O perímetro urbano, praticamente ocupado, já encosta nas pequenas chácaras, que se valorizam assustadoramente.

Rodoviária: Outros indicadores relacionados com a importância que a cidade está ganhando ante a administração estadual são a construção de uma rodoviária, cuja verba já estaria disponível, e a inauguração, brevemente, de um pequeno edifício do INSS. Vale lembrar que anteriormente a população teria de se deslocar para Barreiras (capital regional) para resolver seus problemas assistenciais e previdenciários.

Ensino superior: Notei, também, a preocupação de alguns jovens quanto à necessidade de acesso ao ensino de nível superior. A luta por acesso à universidade denota o despertar da consciência de parcelas da juventude formosense. Os telecentros, as faculdades de ensino à distância são, por enquanto, as realidades mais próximas desses jovens.

É bom recordar que a cultura humaniza o homem, e nós só nos humanizamos quando nos colocamos no centro dos debates fundamentais, elevando nossa qualidade de vida.

Com relação à questão educacional, uma solução mais imediata inclusive para a geração de emprego e suprimento de mão de obra para a região, seria a instalação de pequenos institutos de ensino profissionalizantes, uma vez que a extensão universitária estaria longe do alcance da maioria dos jovens do município.

Reclama-se muito da falta de profissionais de nível médio, e até de outras formações, tais como, pedreiro, eletricista, técnicos em eletrônicos, informática etc. Não seria de todo impossível uma ação do poder público municipal para bancar a formação de pessoas interessadas. A certificação seria outra medida de aprimoramento profissional para aqueles que já desempenham funções correlatas, mas de maneira informal. 

Chamou nossa atenção um aspecto comportamental relacionado com a falta de compromisso dos profissionais de Formosa. Eles prometem muitas vezes atender a uma demanda e não comparecem. Outras vezes dizem: vou ali e volto já, e simplesmente some do mapa!  Segundo ouvi, há outros casos de profissionais ligados à prestação de alguns serviços públicos que não cumprem horário, citado, como exemplo, o atendimento odontológico.

Não tivemos tempo para pesquisar as causas de tal comportamento. Em alguns casos, teriam eles assumido vários compromissos simultaneamente e, por isso, não dariam conta do recado? Ou desenvolvem também atividades pessoais, de interesse próprio, isto é, pessoas que ainda não se despiram totalmente de seus próprios meios de produção? Uma questão cultural? Pessoas sem a tradição do trabalho operário, assalariado, pessoas que ainda não se reconhecem como proletários? Eis a questão!

Outros tipos de comportamento: jovens que estão adquirindo veículos pela primeira vez na vida fazem questão de estacioná-los, mantendo, porém, o rádio do carro ligado em alto volume, uma maneira, talvez, de chamar atenção para sua nova condição de vida, e até para impressionar as jovens de sua idade. Esse comportamento lembra os valores dos novos ricos da Revolução francesa, quando tentavam imitar os modos, os valores da nobreza feudal. Eles tinham a posse material da riqueza, porém, não tinham o refinamento imperial. Curiosa essa questão das sobrevivências culturais, pois até hoje se fala em rei do futebol, rainha do carnaval, bairro nobre da cidade etc.

Outra novidade estridente diz respeito aos carros e motos com alto-falantes ligados a todo volume anunciando vendas, promoções, e até shows de artistas. Aqui uma observação: cantores de música country, como Frank Aguiar (deputado federal por SP), ao se exibirem em Formosa, indicam que nossa cidade já está se constituindo em mercado gerador de renda para artistas. Estimamos a população do município em 26 mil habitantes, e colégio eleitoral de 17 mil votantes.       

Com relação à questão cultural, nada ou muito pouco se fez, nos últimos anos. A cidade não tem cinema, teatro, sessões de vídeo para debate em espaço público. Não há associações de bairro, comunidade de vizinhos, jornal-mural, programas musicais clássicos. Não se pratica esporte olímpico, apenas basquete e futebol. Na ausência de atividades culturais e esportivas, os mais jovens gastam sua energia em festas e bebedeiras, e os mais velhos dormem no sofá diante da televisão!    

Transporte e Rodovia: A conclusão dos trabalhos de asfaltamento do trecho da rodovia BR-135, entre Formosa (BA) e Corrente (PI), é outra boa notícia para a região do noroeste baiano. Aliás, as estradas federais de Goiânia a Brasília e desta capital a Teresina e a Salvador estão ótimas. Quem não se lembra dos tempos em que se levava dia e meio a cavalo para percorrer a distância de Formosa a Corrente. Atualmente, tal distancia é percorrida em apenas 45 minutos, viajando a 100 km/h. Quanto ao transporte, há ônibus para todos os lugares, e o movimento de veículos de duas e quatro rodas já é bem intenso.

Energia: O que está faltando para impulsionar de vez o crescimento econômico do município seria a instalação de uma subestação energética, energia trifásica para a agroindústria e outros estabelecimentos industriais, a par de melhorar a iluminação pública e a recepção de sinais relacionados com a comunicação em geral.

Poder público: Quanto ao poder público municipal, teceremos rápidos comentários, pois muito já dissemos em nossas ligeiras notas de janeiro de 2007.

A cidade está limpa, a recolha do lixo parece eficiente, em que pese à péssima iluminação pública. Os postos de saúde que havíamos citados anteriormente já foram inaugurados. O atendimento parece razoável. Há, contudo, superpopulação no ambulatório central. Formosa já está necessitando de um hospital de porte médio, pois a população está se multiplicando rapidamente. 

Assistimos a uma sessão da Câmara dos vereadores. Notamos que a grande maioria dos edis é egressa da zona rural e com baixo nível de instrução. Por um lado, é saudável a participação popular dessa parcela de nossa gente, pois eles também são corresponsáveis pelo destino político do município. Por outro, há, ao que parece, um processo de cooptação dos líderes das comunidades rurais, de tal sorte que não há quase oposição à administração local. Mas não é essa uma realidade política nacional?

Como mudar a relação de compadrio da política formosense? Entendemos que somente o poder popular poderá controlar o poder público, apropriado que foi pela classe dominante, pela subordinação aos interesses do Capital. População desorganizada, sem opinião sobre suas próprias necessidades e sem participação política, transforma-se em massa, e aí reside a fraqueza política dos habitantes de Formosa.

PIB e Fatores da mudança: O PIB do município, segundo o IPEA, teria se expandido, em termos reais, 345,92% (16,12% ao ano), no período 1996 a 2007. Quais são os fatores que estão contribuindo para a mudança no município? Diríamos que, em primeiro lugar, a interiorização do Capital, as relações capitalistas, não só na região do noroeste baiano, mas na maior parte do País. Em segundo lugar, a expansão da fronteira agrícola do agronegócio. Formosa já responde por boa parte da produção agrícola da região, notadamente da soja, milho, algodão, arroz, feijão etc., e brevemente do café, do biodiesel etc. Terras razoavelmente férteis e abundância de água potável são as riquezas maiores da região. Essas mudanças, entretanto, implicam problemas dos quais trataremos sucintamente mais adiante.

As transformações sociais que estão ocorrendo em Formosa estão contaminadas pelos vícios inerentes ao sistema capitalista. Aliás, já se registra no município crescente índice de roubos, de uso de drogas e de outras ilegalidades. Não vimos meninos de rua, nem mendigos, soubemos, porém, que há garotas de programas noturnos, às margens da rodovia. É uma pena, pois como se já não bastasse a miséria oficial veiculada pela mídia, traduzida, principalmente, em novelas de pouco conteúdo, nos programas de ocorrências policiais, nos noticiários vazios de conteúdo analítico e dos quais ninguém se lembra no dia seguinte, e nas intermináveis homilias de insensatos pregadores.

Com relação à mídia, vale lembrar que ela é concessão do Poder público às empresas privadas, as quais devem proporcionar à população o entretenimento de bom gosto, as informações cotidianas independentes e necessárias, os programas educativos etc. A mídia brasileira atual não passa de engrenagem do Capital, triturando consciências alheias. E o resto é propaganda!

A questão do meio ambiente: Um dos vereadores, talvez o único de oposição, alertou, na aludida sessão, mencionada anteriormente, que o rio está secando. E aqui acrescentamos trecho de nossas notas anteriores, pois dada a gravidade do problema vale repisar o que já foi dito e escrito.

Notamos tendência de aumento no número de pequenas chácaras, ao longo das margens do rio Preto. Se por um lado, essas construções são indicadores de uma diferenciação social, de um novo estrato de renda que teria se constituído para além dos rendimentos médios da população, por outro, mais um problema para a cidade. Os donos dessas chácaras, além do desmatamento, do pouco cuidado com o saneamento, estendem cercas aramadas e eletrificadas que avançam até ao nível das águas do rio Preto, impedindo, dessa maneira, o livre trânsito de pescadores, banhistas e pessoas que gostam de caminhar pelos arredores da cidade.

A apropriação privada das várzeas que pertencem ao rio é outro problema. A várzea é o lugar de repouso das cheias, incubadora de alevinos, reguladora da vazão fluvial, refrigério da flora e amenizadora do clima. Há, também, a extração de areia das margens do rio o que contribui para a queda do pouco que resta da mata ciliar. Observamos pessoas lavando veículos, animais, roupa e outros objetos domésticos, acentuando a poluição das águas. A lavagem de objetos domésticos no rio por parte da população pobre da cidade decorre do custo da água nas torneiras de suas casas, uma vez que o fornecimento de água foi privatizado pelo poder municipal. Ultimamente, tem aumentado o número de banhista  que jogam ou abandonam às margens e no leito do rio latas de bebida, sacolas de plástico e outras injuriosas.

A questão do saneamento: deve ser uma das prioridades do poder público. Rios poluídos, arredores devastados afugentam turistas e deprimem, psicologicamente, seus moradores, além de se tornar ambiente propício à proliferação de diversos males. Nada ouvimos sobre este tema, a exceção da citação isolada do vereador a que já nos referimos.

Ação predatória do agronegócio: O agronegócio baseado na aplicação de capital internacional à agricultura brasileira já teria alcançado o gerais formosense. Sua presença se faz diretamente ou em associação aos latifundiários nacionais. O agronegócio, ao que parece, é uma forma de dominação econômica e estratégica, à medida que ele é dominado por multinacionais, gerando, por conseguinte, nível de dependência absoluta na agricultura brasileira.
   
Segundo um estudioso, ligado à coordenação do MST, as características do agronegócio são: concentração da propriedade agrícola em poucas empresas, com vistas aos ganhos de escala de produção; uso intensivo de tecnologia com aumento da produtividade e a consequente redução do nível de emprego rural. As empresas transnacionais do agronegócio, além de fornecedoras de insumos e sementes transgênicas, são também compradoras da produção, impondo, dessa forma, o preço, à medida que controlam o mercado externo para quem se destinam as chamadas commodities agrícolas.

Com relação à concentração das terras e ao baixo índice de emprego do agronegócio, anotamos a seguir dados do perfil agrário brasileiro, extraídos do Censo IBGE, de 2006: a área agricultável do Brasil está estimada em 410 milhões de hectares. Naturalmente, apenas uma parte dessa área estaria sendo cultivada.

Em relação ao Censo anterior, de 1996, diminuiu o número de estabelecimentos com menos de 10 hectares. Eles representam os pobres do campo, e eram em 2006 cerca de 2,5 milhões de famílias.

A área ocupada pelos pobres do campo corresponde a 7,7 milhões de hectares, (2,7% da área total brasileira). No outro lado, temos apenas 31.899 fazendeiros que dominam 48 milhões de hectares em áreas acima de mil hectares. E outros 15.012 fazendeiros com áreas superiores a 2.500 hectares, que totalizam 98 milhões de hectares. São os fazendeiros do agronegócio, que representam menos de 1% dos estabelecimentos, mas controlam 46% de todas as terras.

De acordo com o Censo Agropecuário 2006 do IBGE, 16 milhões de pessoas estavam então ocupadas nos estabelecimentos agropecuários. As pequenas propriedades rurais empregavam 87% do total de postos de trabalho no campo, enquanto as grandes ficavam com apenas 2,5%.

Segundo o geógrafo Eduardo Girardi (Ciência e Tecnologia da UNESP), a concentração da estrutura fundiária no Brasil está inserida no modelo de desenvolvimento exportador.

Cerca de 80% das exportações agropecuárias brasileiras são de apenas nove produtos (soja, carnes, cana-de-açúcar, café, couro, fumo, laranja, produtos florestais e algodão), que ocupam 74% de toda área plantada no País. Enquanto isso, em 2004, 15 milhões de brasileiros com carência alimentar viviam no campo.

Para Girardi, a política agrária das últimas décadas, favorável ao agronegócio e ao latifúndio, foi a responsável pelo forte desmatamento ocorrido nos nove Estados da Amazônia Legal e que o desmatamento da região norte foi uma maneira de se evitar a reforma agrária nas regiões sul e sudeste do país.

Outra característica do agronegócio é a prática da monocultura (soja, cana-de-açúcar, café, algodão etc.) que agride o meio ambiente, destruindo todas as outras formas de vida vegetal e animal, e só consegue produzir com elevado uso de venenos agrícolas, daí porque o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de agrotóxicos do mundo, que são, aliás, produzidos por empresas transnacionais.

À opção ao agronegócio seria a agricultura familiar, que, como é sabido, prioriza o mercado interno, com a produção de alimentos sadios, por meio de práticas agrícolas em equilíbrio com a natureza, com agricultura diversificada e que demanda muita mão de obra.

O agronegócio está voltado prioritariamente para o comércio exterior, e ele só prospera em áreas de grande extensão, então, como ficaria o equilíbrio da balança comercial brasileira, se desaparecesse a receita de exportação do agronegócio (cerca de US$ 40 bilhões)?
Relatório da FAO (agência da ONU) nos diz que o consumo mundial de alimentos terá de aumentar, no mínimo, em 20%, nos próximos dez anos. E se espera que o Brasil contribua com pelo menos 40% dessa oferta. Logo, a receita atual do agronegócio seria simplesmente substituída pela produção e exportação de alimentos da agricultura familiar.

Concluímos que a reforma agrária é solução para milhões de brasileiros, muitos dos quais expulsos do campo e que não encontraram um lugar nos grandes centros urbanos do país. A violência generalizada, a triste realidade das favelas, a mendicância, tudo isso teve origem lá atrás, na ausência de uma reforma agrária.    

O agronegócio em Formosa, pelo que ouvi, estaria alterando consideravelmente o habitat do Gerais. Suas atividades agrícolas estariam conduzindo ao desmatamento, ao soterramento das nascentes e à poluição dos riachos que deságuam no rio Preto.

O Gerais formosense integra o domínio do cerrado brasileiro, o qual deve ser visto antes de tudo como um banco genético, riqueza superior bilhões de vezes aos resultados da prática predatória do agronegócio. E aqui repetimos trecho de nossas ligeiras notas, de janeiro de 2007, resultado de pesquisa que fizemos junto à Larousse.

Em consulta à Larousse, tomei conhecimento que o Cerrado, com cerca de dois milhões de km2, é uma paisagem típica do planalto Central (GO, TO, MT). Aparece ainda em Roraima, oeste da Bahia e em parte de MG. O Cerrado é fonte de nossas principais bacias fluviais. Seus solos apresentam elevada acidez, elevado teor de alumínio, baixa retenção de água  e lençóis freáticos profundos que associados ao clima constituem características botânicas assemelhadas às savanas africanas. Em geral dois estratos: vegetação herbácea, às vezes, em tufos, e arbóreo-arbustivo com árvores esparsas de médio e pequeno porte; troncos e galhos retorcidos, cascas grossas, e raízes profundas (cerca de 20 m); folhas grandes, coriáceas, brilhantes ou revestidas por numerosos pelos. É um domínio propício para as pesquisas da genética vegetal, dos fármacos, da fitoterapia, além, é claro, das frutas silvestres, como o pequi, e a diversidade do reino animal. E tudo isso está ameaçado pela ação usurária do agronegócio.  

O Poder Público municipal de Formosa com sua política de coexistência pacífica nada faz em relação ao atentado ao meio ambiente promovido, principalmente, pelo agronegócio, por isso não há política de conscientização ambiental oficial. Alguma coisa, talvez, seja dita, a partir da iniciativa pessoal de alguma professora. O tema, porém, não é discutido, debatido publicamente.

LIGEIRO HISTÓRICO

Formosa do Rio Preto: município brasileiro do estado da Bahia. Em 1º de Julho de 2009, sua população era estimada em aproximadamente 22.171 habitantes.

É o município baiano mais distante de sua capital. Entre Salvador e Formosa são 1026 km.

História: O território integrava o sertão de Pernambuco. Seu povoamento iniciou-se na primeira metade do século XIX por aventureiros procedentes do Piauí, à procura de ouro e pedras preciosas numa região habitada pelos índios aimorés. Estabelecendo-se à margem esquerda do rio Preto, dedicaram-se à criação de gado e à agricultura de subsistência, formando o povoado de Formosa, que se tornou ponto de pouso para tropeiros e viajantes em trânsito para o Piauí, norte de Goiás (atual Tocantins), além do sul do Maranhão.

Em 1840, criou-se o distrito subordinado ao município de Santa Rita do Rio Preto.

Em 1943, mudou-se o nome para Itajuí (para alguns, pedra bonita, para outros, pedra pequena, pedregulho, pedrinha, rio das pedrinhas) e, em 1953, para Formosa do Rio Preto, em razão da sede municipal localizar-se à margem do Rio Preto. Somente em 1961 o município se emancipou.

Economia: Agricultura (1º produtor baiano de soja, 6º produtor baiano de arroz, 12º produtor baiano de milho, 1º produtor baiano de Algodão (tem o melhor algodão do mundo) e 37º produtor baiano de feijão).

Na pecuária destacam-se os rebanhos de asininos, bovinos e equinos. Conforme registros na JUCEB, possui 43 indústrias, ocupando o 98º lugar na posição geral do Estado da Bahia, 476 estabelecimentos comerciais, 103º posição dentre os municípios baianos.
Seu parque hoteleiro registra 96 leitos.

Registro de consumo elétrico residencial (kwh/hab): 77,53 - 202º no ranking dos municípios baianos.

Referências: (a bDivisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página visitada em 11 de outubro de 2008.

IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial. Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Página visitada em 5 dez. 2010.

Censo Populacional 2010. Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (29 de novembro de 2010). Página visitada em 11 de dezembro de 2010.
Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2000). Página visitada em 11 de outubro de 2008.

(a bProduto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Página visitada em 11 dez. 2010. Portal do Brasil - outras informações na Wikipédia




FORMOSA DO RIO PRETO, BAHIA

Área: 16.404,396 km2
Densidade (hab / km2): 1,37
Gentílico: formosense
Bioma: Cerrado
Latitude: 11,040 S
Longitude: 45,190 W
Código do município: 291.110

PIB (valor adicionado corrente) 2008

TOTAL:            R$ 459,29 milhões
Agropecuária:  R$ 282,88 milhões
Indústria:         R$     9,45 milhões
Serviços:         R$ 144,76 milhões
Impostos:        R$   22,21 milhões

PIB per capita: R$ 21.042,26

(Nota do Sólon): valor adicionado corresponde ao valor que cada produtor adiciona a um bem ou produto, ao longo da cadeia produtiva. Para se chegar ao valor adicionado, cada produtor exclui os valores gastos com a aquisição de insumos e outros bens adquiridos de terceiros, imprescindíveis, porém, à elaboração do produto final. Em termos gerais de todos os produtos, o valor adicionado corresponde, aproximadamente, à metade do valor de produção, isto é, do valor de venda dos produtos no mercado. 

População residente (2010): 22.528
Homens: 11.660
Mulheres: 10.868

Domicílios recenseados: 7.126

Eleitorado: 14.005

Registro civil (2009)
Casamentos: 81
Separação: 2
Divórcio: 5

Matrículas (2009):
Fundamental: 4.401 (66,1%)
Médio:            1.270 (19,1%)
Pré-escola: 983 (14,8%)

Docentes:
Ensino Fundamental: 362 (80,6%)
Ensino Médio:            51 (11,4%)
Pré-escola:                36 (8,0%)

FORMOSA DO RIO PRETO, BAHIA
Meios de Transporte (Frota):
Automóveis 296
Caminhões 86
Caminhões-trator 6
Caminhonetes 196
Micro-ônibus 2
Motocicletas 706
Motonetas 133
Ônibus 12
Tratores 0
TOTAL: 1.437

Número de escolas por série (2009):
Fundamental 75 (51,7%)
Pré-escola 67 (46,2%)
Médio 3 (2,1%)

Estabelecimentos de saúde (2009):
Municipais: 8 (88,9%)
Privados: 1 (11,1%)
Estaduais: 0
Federais:  0

Nascidos vivos: 440 pessoas

Morbidade hospitalar (2009):
Homens: 1 (33,7%)
Mulheres: 2 (66.7%)

Receitas municipais (2008):
Receitas: R$ 34.215.379,62 (55,0%)
Despesas R$ 27.978.645 (45,0%)

Estabelecimentos bancários (2009):
Agência: 1
Operações de crédito (R$ mil): 79.018
Depósito a vista (governo) (R$ mil): 494
Depósito a vista (privado) (R$ mil): 3.973
Poupança (R$ mil): 6.368

Pecuária (2009)
Bovinos: 51.570
Eqüinos:   2.896
Asininos:     540
Muares:      206
Suínos:    5.750
Caprinos: 1.200
Ovinos:    3.400
Galinhas, frangos e pintos: 55.545
Vacas ordenhadas:  5.672
Leite de vaca:  1.556.000 litros
Ovos de galinha: 48.000 dúzias
Mel de abelha:  950 kg

Produção agrícola (2009)

Algodão herbáceo (em caroço)
Quantidade: 67.926 toneladas
Valor da produção: R$ 66,23 milhões
Área plantada (há): 20.939
Rendimento médio: 3.243 kg/ha

Arroz (em casca)
Quantidade: 9.306 toneladas
Valor da produção: R$ 6,75 milhões
Área plantada (há): 5.647
Rendimento médio: 1.647 kg/ha

Cana-de-açúcar:
Quantidade: 6.046 toneladas
Valor da produção: R$ 534 mil
Área plantada (há): 130
Rendimento médio: 46.500 kg/ha

Feijão (em grão)
Quantidade: 1.645 toneladas
Valor da produção: R$ 2,20 milhões
Área plantada (há): 845
Rendimento médio:  1.946 kg/ha

Mandioca:
Quantidade: 5.160 toneladas
Valor da produção: R$ 929 mil
Área plantada (há):  430
Rendimento médio:  12.000 kg/ha

Milho (em grão):
Quantidade: 226.368 toneladas
Valor da produção: R$ 63,38 milhões
Área plantada (há):  29.220
Rendimento médio:  7.747 kg/ha

Soja (em grão):
Quantidade: 638.357 toneladas
Valor da produção: R$ 427,83  milhões
Área plantada (há):  250.336
Rendimento médio:  2.550  kg/ha

Sorgo (em grão)
Quantidade: 8.280 toneladas
Valor da produção: R$ 2,32  milhões
Área plantada (há):  3.450
Rendimento médio:  2.400  kg/há
Laranja: 410 toneladas
Valor da produção: R$ 144 mil
Área plantada: 10 hectares
Rendimento médio: 41 mil kg/ha

Limão:  968 toneladas
Valor da produção: R$ 310 mil
Área plantada: 45 hectares
Rendimento médio: 21,5 mil kg/ha

Banana: 1800 toneladas
Valor da produção: R$ 919 mil
Área plantada: 100 hectares
Rendimento médio: 18 mil kg/ha

Mamão: 3.395 toneladas
Valor da produção: R$  2,89 milhões
Área plantada: 70 hectares
Rendimento médio: 48.500 kg/ha

Manga: 1.397 toneladas
Valor da produção: R$  531 mil
Área plantada: 110 hectares
Rendimento médio: 12.700 kg/ha

Maracujá: 2.064 toneladas
Valor da produção: R$  2,1 milhões
Área plantada: 86 hectares
Rendimento médio: 24.000 kg/ha

Fibras de buriti: 2 toneladas
Valor da produção: R$ 5 mil

Carvão vegetal: 420 toneladas
Valor da produção: R$ 97 mil

Estatística do cadastro central de empresas (2008)

No de unidades locais: 349
No de empresas atuantes: 343 unidades
Pessoal ocupado total: 1.393
Pessoal ocupado assalariado: 1.031
Salário e outras remunerações: R$ 12, 6 milhões
Salário médio mensal: R$ 2,1 Salário Mínimo

Volume de água tratada distribuída por dia:
Tratamento convencional: 1.486 m3
Sem tratamento: 200 m3

No de economias abastecidas, de economias ativas:

Abastecidas e de domicílios: 5.121
No de economias ativas abastecidas residências: 4.439



FORMOSA DO RIO PRETO – JULHO/2010

Ligeiras notas escritas inicialmente para fins de pró-memória do autor, que ousa passá-las para conhecimento de alguns amigos de Formosa. Trata-se de anotações que fizemos sobre as novidades do município, bem como de seus velhos problemas que ainda desafiam a administração local.

Novidades: Quanto às novidades, diríamos que a cidade está se expandindo e ganhando importância inclusive eleitoral aos olhos da governança estadual. Segundo depoimento de um vereador ligado aos negócios imobiliários locais, Formosa estaria recebendo, mensalmente, entre dez e vinte novas famílias. Achamos que há alguma verdade nessa estimativa, pois a movimentação das pessoas pelas ruas da cidade, notadamente em veículos de duas e quatro rodas, já é bem visível.

A telefonia móvel que havia nos surpreendido em jan/2007, tornou-se comum, acessível a maioria das pessoas, inclusive àquelas da zona rural, pois esse tipo de comunicação já alcança os sítios e fazendas do município. Na cidade, há muitos notebooks conectados à internet com telefonia móvel.   

A internet, apesar de lenta, inconstante e relativamente cara, mostrou-se para nós uma alternativa para leitura de notícias mais independentes e troca de e-mails. Se vingar a proposta do governo federal para a criação de empresa de internet com banda larga  e ligada a Telebrás, seria mais uma boa novidade para os municípios brasileiros.

Valorização das terras: Outro dado revelador do incremento populacional diz respeito à valorização das terras. O perímetro urbano, praticamente ocupado, já encosta nas pequenas chácaras, que se valorizam assustadoramente.

Rodoviária: Outros indicadores relacionados com a importância que a cidade está ganhando ante a administração estadual são a construção de uma rodoviária, cuja verba já estaria disponível, e a inauguração, brevemente, de um pequeno edifício do INSS. Vale lembrar que anteriormente a população teria de se deslocar para Barreiras (capital regional) para resolver seus problemas assistenciais e previdenciários.

Ensino superior: Notei, também, a preocupação de alguns jovens quanto à necessidade de acesso ao ensino de nível superior. A luta por acesso à universidade denota o despertar da consciência de parcelas da juventude formosense. Os telecentros, as faculdades de ensino à distância são, por enquanto, as realidades mais próximas desses jovens.

É bom recordar que a cultura humaniza o homem, e nós só nos humanizamos quando nos colocamos no centro dos debates fundamentais, elevando nossa qualidade de vida.

Com relação à questão educacional, uma solução mais imediata inclusive para a geração de emprego e suprimento de mão de obra para a região, seria a instalação de pequenos institutos de ensino profissionalizantes, uma vez que a extensão universitária estaria longe do alcance da maioria dos jovens do município.

Reclama-se muito da falta de profissionais de nível médio, e até de outras formações, tais como, pedreiro, eletricista, técnicos em eletrônicos, informática etc. Não seria de todo impossível uma ação do poder público municipal para bancar a formação de pessoas interessadas. A certificação seria outra medida de aprimoramento profissional para aqueles que já desempenham funções correlatas, mas de maneira informal. 

Chamou nossa atenção um aspecto comportamental relacionado com a falta de compromisso dos profissionais de Formosa. Eles prometem muitas vezes atender a uma demanda e não comparecem. Outras vezes dizem: vou ali e volto já, e simplesmente some do mapa!  Segundo ouvi, há outros casos de profissionais ligados à prestação de alguns serviços públicos que não cumprem horário, citado, como exemplo, o atendimento odontológico.

Não tivemos tempo para pesquisar as causas de tal comportamento. Em alguns casos, teriam eles assumido vários compromissos simultaneamente e, por isso, não dariam conta do recado? Ou desenvolvem também atividades pessoais, de interesse próprio, isto é, pessoas que ainda não se despiram totalmente de seus próprios meios de produção? Uma questão cultural? Pessoas sem a tradição do trabalho operário, assalariado, pessoas que ainda não se reconhecem como proletários? Eis a questão!

Outros tipos de comportamento: jovens que estão adquirindo veículos pela primeira vez na vida fazem questão de estacioná-los, mantendo, porém, o rádio do carro ligado em alto volume, uma maneira, talvez, de chamar atenção para sua nova condição de vida, e até para impressionar as jovens de sua idade. Esse comportamento lembra os valores dos novos ricos da Revolução francesa, quando tentavam imitar os modos, os valores da nobreza feudal. Eles tinham a posse material da riqueza, porém, não tinham o refinamento imperial. Curiosa essa questão das sobrevivências culturais, pois até hoje se fala em rei do futebol, rainha do carnaval, bairro nobre da cidade etc.

Outra novidade estridente diz respeito aos carros e motos com alto-falantes ligados a todo volume anunciando vendas, promoções, e até shows de artistas. Aqui uma observação: cantores de música country, como Frank Aguiar (deputado federal por SP), ao se exibirem em Formosa, indicam que nossa cidade já está se constituindo em mercado gerador de renda para artistas. Estimamos a população do município em 26 mil habitantes, e colégio eleitoral de 17 mil votantes.       

Com relação à questão cultural, nada ou muito pouco se fez, nos últimos anos. A cidade não tem cinema, teatro, sessões de vídeo para debate em espaço público. Não há associações de bairro, comunidade de vizinhos, jornal-mural, programas musicais clássicos. Não se pratica esporte olímpico, apenas basquete e futebol. Na ausência de atividades culturais e esportivas, os mais jovens gastam sua energia em festas e bebedeiras, e os mais velhos dormem no sofá diante da televisão!    

Transporte e Rodovia: A conclusão dos trabalhos de asfaltamento do trecho da rodovia BR-135, entre Formosa (BA) e Corrente (PI), é outra boa notícia para a região do noroeste baiano. Aliás, as estradas federais de Goiânia a Brasília e desta capital a Teresina e a Salvador estão ótimas. Quem não se lembra dos tempos em que se levava dia e meio a cavalo para percorrer a distância de Formosa a Corrente. Atualmente, tal distancia é percorrida em apenas 45 minutos, viajando a 100 km/h. Quanto ao transporte, há ônibus para todos os lugares, e o movimento de veículos de duas e quatro rodas já é bem intenso.

Energia: O que está faltando para impulsionar de vez o crescimento econômico do município seria a instalação de uma subestação energética, energia trifásica para a agroindústria e outros estabelecimentos industriais, a par de melhorar a iluminação pública e a recepção de sinais relacionados com a comunicação em geral.

Poder público: Quanto ao poder público municipal, teceremos rápidos comentários, pois muito já dissemos em nossas ligeiras notas de janeiro de 2007.

A cidade está limpa, a recolha do lixo parece eficiente, em que pese à péssima iluminação pública. Os postos de saúde que havíamos citados anteriormente já foram inaugurados. O atendimento parece razoável. Há, contudo, superpopulação no ambulatório central. Formosa já está necessitando de um hospital de porte médio, pois a população está se multiplicando rapidamente. 

Assistimos a uma sessão da Câmara dos vereadores. Notamos que a grande maioria dos edis é egressa da zona rural e com baixo nível de instrução. Por um lado, é saudável a participação popular dessa parcela de nossa gente, pois eles também são corresponsáveis pelo destino político do município. Por outro, há, ao que parece, um processo de cooptação dos líderes das comunidades rurais, de tal sorte que não há quase oposição à administração local. Mas não é essa uma realidade política nacional?

Como mudar a relação de compadrio da política formosense? Entendemos que somente o poder popular poderá controlar o poder público, apropriado que foi pela classe dominante, pela subordinação aos interesses do Capital. População desorganizada, sem opinião sobre suas próprias necessidades e sem participação política, transforma-se em massa, e aí reside a fraqueza política dos habitantes de Formosa.

PIB e Fatores da mudança: O PIB do município, segundo o IPEA, teria se expandido, em termos reais, 345,92% (16,12% ao ano), no período 1996 a 2007. Quais são os fatores que estão contribuindo para a mudança no município? Diríamos que, em primeiro lugar, a interiorização do Capital, as relações capitalistas, não só na região do noroeste baiano, mas na maior parte do País. Em segundo lugar, a expansão da fronteira agrícola do agronegócio. Formosa já responde por boa parte da produção agrícola da região, notadamente da soja, milho, algodão, arroz, feijão etc., e brevemente do café, do biodiesel etc. Terras razoavelmente férteis e abundância de água potável são as riquezas maiores da região. Essas mudanças, entretanto, implicam problemas dos quais trataremos sucintamente mais adiante.

As transformações sociais que estão ocorrendo em Formosa estão contaminadas pelos vícios inerentes ao sistema capitalista. Aliás, já se registra no município crescente índice de roubos, de uso de drogas e de outras ilegalidades. Não vimos meninos de rua, nem mendigos, soubemos, porém, que há garotas de programas noturnos, às margens da rodovia. É uma pena, pois como se já não bastasse a miséria oficial veiculada pela mídia, traduzida, principalmente, em novelas de pouco conteúdo, nos programas de ocorrências policiais, nos noticiários vazios de conteúdo analítico e dos quais ninguém se lembra no dia seguinte, e nas intermináveis homilias de insensatos pregadores.

Com relação à mídia, vale lembrar que ela é concessão do Poder público às empresas privadas, as quais devem proporcionar à população o entretenimento de bom gosto, as informações cotidianas independentes e necessárias, os programas educativos etc. A mídia brasileira atual não passa de engrenagem do Capital, triturando consciências alheias. E o resto é propaganda!

A questão do meio ambiente: Um dos vereadores, talvez o único de oposição, alertou, na aludida sessão, mencionada anteriormente, que o rio está secando. E aqui acrescentamos trecho de nossas notas anteriores, pois dada a gravidade do problema vale repisar o que já foi dito e escrito.

Notamos tendência de aumento no número de pequenas chácaras, ao longo das margens do rio Preto. Se por um lado, essas construções são indicadores de uma diferenciação social, de um novo estrato de renda que teria se constituído para além dos rendimentos médios da população, por outro, mais um problema para a cidade. Os donos dessas chácaras, além do desmatamento, do pouco cuidado com o saneamento, estendem cercas aramadas e eletrificadas que avançam até ao nível das águas do rio Preto, impedindo, dessa maneira, o livre trânsito de pescadores, banhistas e pessoas que gostam de caminhar pelos arredores da cidade.

A apropriação privada das várzeas que pertencem ao rio é outro problema. A várzea é o lugar de repouso das cheias, incubadora de alevinos, reguladora da vazão fluvial, refrigério da flora e amenizadora do clima. Há, também, a extração de areia das margens do rio o que contribui para a queda do pouco que resta da mata ciliar. Observamos pessoas lavando veículos, animais, roupa e outros objetos domésticos, acentuando a poluição das águas. A lavagem de objetos domésticos no rio por parte da população pobre da cidade decorre do custo da água nas torneiras de suas casas, uma vez que o fornecimento de água foi privatizado pelo poder municipal. Ultimamente, tem aumentado o número de banhista  que jogam ou abandonam às margens e no leito do rio latas de bebida, sacolas de plástico e outras injuriosas.

A questão do saneamento: deve ser uma das prioridades do poder público. Rios poluídos, arredores devastados afugentam turistas e deprimem, psicologicamente, seus moradores, além de se tornar ambiente propício à proliferação de diversos males. Nada ouvimos sobre este tema, a exceção da citação isolada do vereador a que já nos referimos.

Ação predatória do agronegócio: O agronegócio baseado na aplicação de capital internacional à agricultura brasileira já teria alcançado o gerais formosense. Sua presença se faz diretamente ou em associação aos latifundiários nacionais. O agronegócio, ao que parece, é uma forma de dominação econômica e estratégica, à medida que ele é dominado por multinacionais, gerando, por conseguinte, nível de dependência absoluta na agricultura brasileira.
   
Segundo um estudioso, ligado à coordenação do MST, as características do agronegócio são: concentração da propriedade agrícola em poucas empresas, com vistas aos ganhos de escala de produção; uso intensivo de tecnologia com aumento da produtividade e a consequente redução do nível de emprego rural. As empresas transnacionais do agronegócio, além de fornecedoras de insumos e sementes transgênicas, são também compradoras da produção, impondo, dessa forma, o preço, à medida que controlam o mercado externo para quem se destinam as chamadas commodities agrícolas.

Com relação à concentração das terras e ao baixo índice de emprego do agronegócio, anotamos a seguir dados do perfil agrário brasileiro, extraídos do Censo IBGE, de 2006: a área agricultável do Brasil está estimada em 410 milhões de hectares. Naturalmente, apenas uma parte dessa área estaria sendo cultivada.

Em relação ao Censo anterior, de 1996, diminuiu o número de estabelecimentos com menos de 10 hectares. Eles representam os pobres do campo, e eram em 2006 cerca de 2,5 milhões de famílias.

A área ocupada pelos pobres do campo corresponde a 7,7 milhões de hectares, (2,7% da área total brasileira). No outro lado, temos apenas 31.899 fazendeiros que dominam 48 milhões de hectares em áreas acima de mil hectares. E outros 15.012 fazendeiros com áreas superiores a 2.500 hectares, que totalizam 98 milhões de hectares. São os fazendeiros do agronegócio, que representam menos de 1% dos estabelecimentos, mas controlam 46% de todas as terras.

De acordo com o Censo Agropecuário 2006 do IBGE, 16 milhões de pessoas estavam então ocupadas nos estabelecimentos agropecuários. As pequenas propriedades rurais empregavam 87% do total de postos de trabalho no campo, enquanto as grandes ficavam com apenas 2,5%.

Segundo o geógrafo Eduardo Girardi (Ciência e Tecnologia da UNESP), a concentração da estrutura fundiária no Brasil está inserida no modelo de desenvolvimento exportador.

Cerca de 80% das exportações agropecuárias brasileiras são de apenas nove produtos (soja, carnes, cana-de-açúcar, café, couro, fumo, laranja, produtos florestais e algodão), que ocupam 74% de toda área plantada no País. Enquanto isso, em 2004, 15 milhões de brasileiros com carência alimentar viviam no campo.

Para Girardi, a política agrária das últimas décadas, favorável ao agronegócio e ao latifúndio, foi a responsável pelo forte desmatamento ocorrido nos nove Estados da Amazônia Legal e que o desmatamento da região norte foi uma maneira de se evitar a reforma agrária nas regiões sul e sudeste do país.

Outra característica do agronegócio é a prática da monocultura (soja, cana-de-açúcar, café, algodão etc.) que agride o meio ambiente, destruindo todas as outras formas de vida vegetal e animal, e só consegue produzir com elevado uso de venenos agrícolas, daí porque o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de agrotóxicos do mundo, que são, aliás, produzidos por empresas transnacionais.

À opção ao agronegócio seria a agricultura familiar, que, como é sabido, prioriza o mercado interno, com a produção de alimentos sadios, por meio de práticas agrícolas em equilíbrio com a natureza, com agricultura diversificada e que demanda muita mão de obra.

O agronegócio está voltado prioritariamente para o comércio exterior, e ele só prospera em áreas de grande extensão, então, como ficaria o equilíbrio da balança comercial brasileira, se desaparecesse a receita de exportação do agronegócio (cerca de US$ 40 bilhões)?
Relatório da FAO (agência da ONU) nos diz que o consumo mundial de alimentos terá de aumentar, no mínimo, em 20%, nos próximos dez anos. E se espera que o Brasil contribua com pelo menos 40% dessa oferta. Logo, a receita atual do agronegócio seria simplesmente substituída pela produção e exportação de alimentos da agricultura familiar.

Concluímos que a reforma agrária é solução para milhões de brasileiros, muitos dos quais expulsos do campo e que não encontraram um lugar nos grandes centros urbanos do país. A violência generalizada, a triste realidade das favelas, a mendicância, tudo isso teve origem lá atrás, na ausência de uma reforma agrária.    

O agronegócio em Formosa, pelo que ouvi, estaria alterando consideravelmente o habitat do Gerais. Suas atividades agrícolas estariam conduzindo ao desmatamento, ao soterramento das nascentes e à poluição dos riachos que deságuam no rio Preto.

O Gerais formosense integra o domínio do cerrado brasileiro, o qual deve ser visto antes de tudo como um banco genético, riqueza superior bilhões de vezes aos resultados da prática predatória do agronegócio. E aqui repetimos trecho de nossas ligeiras notas, de janeiro de 2007, resultado de pesquisa que fizemos junto à Larousse.

Em consulta à Larousse, tomei conhecimento que o Cerrado, com cerca de dois milhões de km2, é uma paisagem típica do planalto Central (GO, TO, MT). Aparece ainda em Roraima, oeste da Bahia e em parte de MG. O Cerrado é fonte de nossas principais bacias fluviais. Seus solos apresentam elevada acidez, elevado teor de alumínio, baixa retenção de água  e lençóis freáticos profundos que associados ao clima constituem características botânicas assemelhadas às savanas africanas. Em geral dois estratos: vegetação herbácea, às vezes, em tufos, e arbóreo-arbustivo com árvores esparsas de médio e pequeno porte; troncos e galhos retorcidos, cascas grossas, e raízes profundas (cerca de 20 m); folhas grandes, coriáceas, brilhantes ou revestidas por numerosos pelos. É um domínio propício para as pesquisas da genética vegetal, dos fármacos, da fitoterapia, além, é claro, das frutas silvestres, como o pequi, e a diversidade do reino animal. E tudo isso está ameaçado pela ação usurária do agronegócio.  

O Poder Público municipal de Formosa com sua política de coexistência pacífica nada faz em relação ao atentado ao meio ambiente promovido, principalmente, pelo agronegócio, por isso não há política de conscientização ambiental oficial. Alguma coisa, talvez, seja dita, a partir da iniciativa pessoal de alguma professora. O tema, porém, não é discutido, debatido publicamente.

LIGEIRO HISTÓRICO

Formosa do Rio Preto: município brasileiro do estado da Bahia. Em 1º de Julho de 2009, sua população era estimada em aproximadamente 22.171 habitantes.

É o município baiano mais distante de sua capital. Entre Salvador e Formosa são 1026 km.

História: O território integrava o sertão de Pernambuco. Seu povoamento iniciou-se na primeira metade do século XIX por aventureiros procedentes do Piauí, à procura de ouro e pedras preciosas numa região habitada pelos índios aimorés. Estabelecendo-se à margem esquerda do rio Preto, dedicaram-se à criação de gado e à agricultura de subsistência, formando o povoado de Formosa, que se tornou ponto de pouso para tropeiros e viajantes em trânsito para o Piauí, norte de Goiás (atual Tocantins), além do sul do Maranhão.

Em 1840, criou-se o distrito subordinado ao município de Santa Rita do Rio Preto.

Em 1943, mudou-se o nome para Itajuí (para alguns, pedra bonita, para outros, pedra pequena, pedregulho, pedrinha, rio das pedrinhas) e, em 1953, para Formosa do Rio Preto, em razão da sede municipal localizar-se à margem do Rio Preto. Somente em 1961 o município se emancipou.

Economia: Agricultura (1º produtor baiano de soja, 6º produtor baiano de arroz, 12º produtor baiano de milho, 1º produtor baiano de Algodão (tem o melhor algodão do mundo) e 37º produtor baiano de feijão).

Na pecuária destacam-se os rebanhos de asininos, bovinos e equinos. Conforme registros na JUCEB, possui 43 indústrias, ocupando o 98º lugar na posição geral do Estado da Bahia, 476 estabelecimentos comerciais, 103º posição dentre os municípios baianos.
Seu parque hoteleiro registra 96 leitos.

Registro de consumo elétrico residencial (kwh/hab): 77,53 - 202º no ranking dos municípios baianos.

Referências: (a bDivisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página visitada em 11 de outubro de 2008.

IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial. Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Página visitada em 5 dez. 2010.

Censo Populacional 2010. Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (29 de novembro de 2010). Página visitada em 11 de dezembro de 2010.
Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2000). Página visitada em 11 de outubro de 2008.

(a bProduto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Página visitada em 11 dez. 2010. Portal do Brasil - outras informações na Wikipédia




FORMOSA DO RIO PRETO, BAHIA

Área: 16.404,396 km2
Densidade (hab / km2): 1,37
Gentílico: formosense
Bioma: Cerrado
Latitude: 11,040 S
Longitude: 45,190 W
Código do município: 291.110

PIB (valor adicionado corrente) 2008

TOTAL:            R$ 459,29 milhões
Agropecuária:  R$ 282,88 milhões
Indústria:         R$     9,45 milhões
Serviços:         R$ 144,76 milhões
Impostos:        R$   22,21 milhões

PIB per capita: R$ 21.042,26

(Nota do Sólon): valor adicionado corresponde ao valor que cada produtor adiciona a um bem ou produto, ao longo da cadeia produtiva. Para se chegar ao valor adicionado, cada produtor exclui os valores gastos com a aquisição de insumos e outros bens adquiridos de terceiros, imprescindíveis, porém, à elaboração do produto final. Em termos gerais de todos os produtos, o valor adicionado corresponde, aproximadamente, à metade do valor de produção, isto é, do valor de venda dos produtos no mercado. 

População residente (2010): 22.528
Homens: 11.660
Mulheres: 10.868

Domicílios recenseados: 7.126

Eleitorado: 14.005

Registro civil (2009)
Casamentos: 81
Separação: 2
Divórcio: 5

Matrículas (2009):
Fundamental: 4.401 (66,1%)
Médio:            1.270 (19,1%)
Pré-escola: 983 (14,8%)

Docentes:
Ensino Fundamental: 362 (80,6%)
Ensino Médio:            51 (11,4%)
Pré-escola:                36 (8,0%)

FORMOSA DO RIO PRETO, BAHIA
Meios de Transporte (Frota):
Automóveis 296
Caminhões 86
Caminhões-trator 6
Caminhonetes 196
Micro-ônibus 2
Motocicletas 706
Motonetas 133
Ônibus 12
Tratores 0
TOTAL: 1.437

Número de escolas por série (2009):
Fundamental 75 (51,7%)
Pré-escola 67 (46,2%)
Médio 3 (2,1%)

Estabelecimentos de saúde (2009):
Municipais: 8 (88,9%)
Privados: 1 (11,1%)
Estaduais: 0
Federais:  0

Nascidos vivos: 440 pessoas

Morbidade hospitalar (2009):
Homens: 1 (33,7%)
Mulheres: 2 (66.7%)

Receitas municipais (2008):
Receitas: R$ 34.215.379,62 (55,0%)
Despesas R$ 27.978.645 (45,0%)

Estabelecimentos bancários (2009):
Agência: 1
Operações de crédito (R$ mil): 79.018
Depósito a vista (governo) (R$ mil): 494
Depósito a vista (privado) (R$ mil): 3.973
Poupança (R$ mil): 6.368

Pecuária (2009)
Bovinos: 51.570
Eqüinos:   2.896
Asininos:     540
Muares:      206
Suínos:    5.750
Caprinos: 1.200
Ovinos:    3.400
Galinhas, frangos e pintos: 55.545
Vacas ordenhadas:  5.672
Leite de vaca:  1.556.000 litros
Ovos de galinha: 48.000 dúzias
Mel de abelha:  950 kg

Produção agrícola (2009)

Algodão herbáceo (em caroço)
Quantidade: 67.926 toneladas
Valor da produção: R$ 66,23 milhões
Área plantada (há): 20.939
Rendimento médio: 3.243 kg/ha

Arroz (em casca)
Quantidade: 9.306 toneladas
Valor da produção: R$ 6,75 milhões
Área plantada (há): 5.647
Rendimento médio: 1.647 kg/ha

Cana-de-açúcar:
Quantidade: 6.046 toneladas
Valor da produção: R$ 534 mil
Área plantada (há): 130
Rendimento médio: 46.500 kg/ha

Feijão (em grão)
Quantidade: 1.645 toneladas
Valor da produção: R$ 2,20 milhões
Área plantada (há): 845
Rendimento médio:  1.946 kg/ha

Mandioca:
Quantidade: 5.160 toneladas
Valor da produção: R$ 929 mil
Área plantada (há):  430
Rendimento médio:  12.000 kg/ha

Milho (em grão):
Quantidade: 226.368 toneladas
Valor da produção: R$ 63,38 milhões
Área plantada (há):  29.220
Rendimento médio:  7.747 kg/ha

Soja (em grão):
Quantidade: 638.357 toneladas
Valor da produção: R$ 427,83  milhões
Área plantada (há):  250.336
Rendimento médio:  2.550  kg/ha

Sorgo (em grão)
Quantidade: 8.280 toneladas
Valor da produção: R$ 2,32  milhões
Área plantada (há):  3.450
Rendimento médio:  2.400  kg/há
Laranja: 410 toneladas
Valor da produção: R$ 144 mil
Área plantada: 10 hectares
Rendimento médio: 41 mil kg/ha

Limão:  968 toneladas
Valor da produção: R$ 310 mil
Área plantada: 45 hectares
Rendimento médio: 21,5 mil kg/ha

Banana: 1800 toneladas
Valor da produção: R$ 919 mil
Área plantada: 100 hectares
Rendimento médio: 18 mil kg/ha

Mamão: 3.395 toneladas
Valor da produção: R$  2,89 milhões
Área plantada: 70 hectares
Rendimento médio: 48.500 kg/ha

Manga: 1.397 toneladas
Valor da produção: R$  531 mil
Área plantada: 110 hectares
Rendimento médio: 12.700 kg/ha

Maracujá: 2.064 toneladas
Valor da produção: R$  2,1 milhões
Área plantada: 86 hectares
Rendimento médio: 24.000 kg/ha

Fibras de buriti: 2 toneladas
Valor da produção: R$ 5 mil

Carvão vegetal: 420 toneladas
Valor da produção: R$ 97 mil

Estatística do cadastro central de empresas (2008)

No de unidades locais: 349
No de empresas atuantes: 343 unidades
Pessoal ocupado total: 1.393
Pessoal ocupado assalariado: 1.031
Salário e outras remunerações: R$ 12, 6 milhões
Salário médio mensal: R$ 2,1 Salário Mínimo

Volume de água tratada distribuída por dia:
Tratamento convencional: 1.486 m3
Sem tratamento: 200 m3

No de economias abastecidas, de economias ativas:

Abastecidas e de domicílios: 5.121
No de economias ativas abastecidas residências: 4.439


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